QUATRO TEMPOS
AR
Desde o dia em que você me cobriu no sofá e aconchegou
meu rosto no travesseiro pequeno, meu coração compreendeu
o tamanho de sua alma e passei a agradecer a Deus por vermos o mesmo
sol, o mesmo instante em que o céu aguarda a lua e as estrelas
brilhantes e guardadas em nossa comunhão.
FOGO
O que poderás dividir comigo, além de centenas de
palavras desamassadas, o vinho tinto e os beijos? A noite enfurecida
se assanha com o bater descompassado da confusão. Do outro
lado teus olhos. E eu agarro-me com o calor da tua voz que me converte
em braços, pernas, pés, amasso e confissão.
TERRA
Então eu combino comigo assim: de agora em diante fale de
ternura com carinho e não deixe em desalinho sentimentos
flutuantes. Coloque os pés no chão, deixe o coração
amar e cuide de cada canto de seus versos. Imprima em cores as notas
de uma canção. Deixe em paz palavras, amante e solidão.
ÁGUA
O que pode ser tudo isso que sinto agora? Perdi o sono porque tomei
o mesmo vinho que você bebeu em mim. Assassinei os beijos
que assaltei na madrugada. Ah! este silencioso instante. Desligo
a tv, o telefone, o som e apago as luzes do céu. Se chover,
aproveito para deixar água regando o coração.
Malluh Praxedes
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