o Livro
No livro me prendo
me prendo e me livro;
no livro me vendo
vejo que ainda vivo.
No livro me faço
Ser; sou seu parceiro.
Ele é meu pedaço
meu pedaço inteiro.
No livro labirinto
a saída que possuo;
me perco e me sinto
no verso que concluo
Observatório 1
O poema me poeta
a palavra me lavra
o gesto me gesta
o passo me compassa
a rota me fascina
o espaço me cativa
a vida me passa
o livro me livra
a loucura me sóbria
(pág. 19)
Feliz Cidade
Só as palavras me revelam
todos os sentidos me dizem
sentimentos me criam sentido
só nas palavras
me significo
por isso sigo
as trilhas das letras
que criam palavra que
cria frase que cria verso que
crio
que me cria humano
universo
onde me rio onde
me odeio
onde me crio
me creio enigma onde
me decifro esfinge
fabuloso é o mundo
que não finge
é o imaginário vero
o prazer do ser que gero
quando a tristeza se deleta
na feliz cidade onde a gente
lê e tira a vida de letra
(pág. 101 - "Observatório Insólito", edição do autor,
2004)
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