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A idade das mãos

(Mary Woodbury – Tradução de Rita Espeschit)

Canadense da província de Ontario, Mary Woodbury viveu nos Estados Unidos e na Itália antes de se estabelecer em Edmonton (província de Alberta). Mary publicou 13 livros entre poesia e literatura infanto-juvenil, incluindo uma série de mistérios policiais para jovens leitores que vem se afirmando como um best-seller nacional e deve em breve ser transformado numa mini-série para TV.

Mineira de Belo Horizonte, Rita Espeschit mudou-se para o Canadá em 2001, onde vive na cidade de Edmonton. Rita tem três livros de poemas, 10 infanto-juvenis e uma série de didáticos (língua portuguesa) publicados. Atualmente, prepara um infanto-juvenil em inglês, "Fair Enough", projeto financiado pela Alberta Foundation for the Arts.

espechit@telus.net

Quando abaixo o olhar
e encontro as costas
das minhas mãos
descansando em meu colo
apoiadas no teclado ou
ensopadas na pia,
eu vejo
que envelheço
e me espanta a descoberta.

Não estou pronta ainda.
Não quero morrer
e essas mãos me acusam
do crime de mortalidade.

Minhas mãos me acusam.
Posso fugir de espelhos
e recusar minha face
mas as mãos insistem
visíveis, diária evidência
do tempo.

Quem sabe eu começo uma moda – luvas
para idosas desejosas
de renegar sua história
ou escapar de sua sabedoria.

Levantem as mãos, senhoras
se estiverem dispostas a dividir
conosco a sua graça ou dor.
Se eu vir uma de vocês
no setor de luvas da Eaton
adivinharei: aqui vai uma mulher vulnerável
tão vulnerável quanto eu.

Às vezes usaremos luvas
num ato de protesto.
Outras vezes traremos as mãos nuas
num ato de coragem.


The Back of My Hands

(Mary Woodbury)


When I look down
and see the back of my hands
lying in my lap
poised over a keyboard
or water-drenched in the sink

I know I am aging
and it frightens me.
I am not ready to age.
I do not want to die
and my hands remind me
of mortality.

My hands remind me.
I can avoid mirrors,
hide from my face
but my hands are a daily address.
Maybe I could start a new fad –
gloves for older women
who wish to deny their history
or run from their wisdom.

Hold up your hands
if you are willing to share
your grace or your pain.
If I spot you in the
glove department at Eaton’s
I’ll know you are as vulnerable
as I am.
Some days we’ll all wear gloves
to protest,
other days we’ll all go bare-handed
to show our courage.